terça-feira, 29 de julho de 2008

Um poema de Marina Colasanti...



Um poema de Marina Colasanti, do livro "Gargantas abertas" (1998), para nos prepararmos para o que vem. Neste poema estão muitos dos temas, dos símbolos e do clima dos contos de fadas que ela escreve e que são parte muito significativa de sua produção:

Para sempre atados

"Há cento e vinte anos
no tapete da sala
o arco retesado ameaça
a gazela
o cavaleiro persa galopa
entre pavões
e as folhas de roseira se entrelaçam
Há cento e vinte anos
uma pluma se dobra
no turbante
um chorão se debruça
sobre a água
e o leopardo entre lírios arma o salto
Cento e vinte mil fios
feito laçada
atam o dorso e o olhar
enfeixam verdes talos
retêm a flecha no arco
a garra no alto
a pluma no vento.
Entre trama e urdidura
as algemas dos nós
jamais afrouxam.
Imóveis estão para sempre
o medo
a fuga
a morte
proibidos de alcançar
o seu destino.
Nesse tempo suspenso
apóio os pés.'

2 comentários:

Ana Cláudia da Silva disse...

Que lindo, esse poema! Tão real, em sua metáfora tecelã... Beijos!

SuSiRo disse...

Olá Susana! fui sua aluna na Casa das Rosas...quero parabenizá-la pelo blog, está muito bonito!!! parabéns pelo empenho, apesar da preguiça quanto a tecnologia!
Abraços!
Suelen